19 de set. de 2008

Não.

É engraçada a maneira como torres ganham forma e espaço em nossas vidas. Aparecem apenas bibelôs que mal cabem em nossas mãos. Com o passar do tempo vão tomando vida e dominando, até que nos encontramos envoltos em cristal.

Tudo em vão. E aqui estou eu fechando todas as portas que me levam à torre. Me prevenindo, juntando feras para a guarda do meu paraíso cristalino. Não tenho mais forças para subir todas as escadas então, me aconchego à entrada olhando de relance a silhueta de algo que passou pelos arredores e devastou meu jardim, sem plantar nenhuma flor no lugar.

Nua e desprotegida, me sinto apontada no meio da multidão. Indiferença, rejeição. Me precipitei? Caí de um salto artístico lindo em uma piscina de areia movediça que agora me sufoca. Tudo se tornou absurdo ao entendimento do resto. Tudo se questiona em uma confusão infinita que se contorce dentro de mim.

Lutei para me recompor e tudo estava bem, até então. Algo novo aconteceu e tive receio, mas palavras se espalharam ao meu redor, tudo ficaria bem.

Um não, de quem nunca quis tentar, só se deixou levar pelo egoísmo e a falta de algo certo ao seu redor. Um sim, que me levou à entrada daquela torre e novamente me fez sentir insignificante. Um não que certamente aprendi a repetir para tudo que bata em minha porta.

Espero que meus olhos e meu cérebro tenham me pregado uma peça.

Júlia

2 comentários:

Clélia Bessa disse...

Jú para a academia brasileira de letras! Ficou muuuito fóda!
Você tem o dom, então aproveita!

Psicopatos disse...

Muito bom, mas parece com alguma coisa que já li antes , porém o que será que nunca teremos lido antes, né?
"Minhas palavras parecem repetidas, mas quais são as palavras que nunca são ditas"
(caso não seja isso é algo bem parecido com a música do legião).
Acho que estou contextualizado com o que você está descrevendo, estou?

Um beijo, Cezar