18 de set. de 2008

Haverá Liberdade?

"Realmente, só pelo fato de ser consciente das causas que inspiram minhas ações, estas causas já são objetos transcendentes para minha consciência; elas estão fora. Em vão tentaria apreendê-las. Escapo delas pela minha própria existência. Estou condenado a existir para sempre além da minnha essência, além das causas e motivos dos meus atos. Estou condenado a ser livre. Isso quer dizer que nenhum limite para minha liberdade pode ser estabelecido exceto a própria liberdade, ou, se voce preferir; que nós não somos livres para deixar de ser livres." Jean-Paul Sartre, O Ser e o Nada (1943), Quarta parte

Esses dias repensando sobre essa pasagem, meditava sobre o ser humano. Como somos patéticos e arrogantes achando que podemos entender a nós mesmos plenamente. Intentamos saber as causa de agirmos assim, alguns apontam o dedo para a infância e dizem: "Sou inseguro por causa da minha criação, da ausência do meu pai, da super proteção da minha mãe". Pobre homens, se acham dotados de poder para descobrir a razão psíquica mais profunda das suas atitudes. Eles recorrem a culpa para expurgar sua desgraça em alguém. Culpam o pai, a mãe, Deus, e até eles mesmos. E pronto, acharam a quem culpar, agora é só desfazer o erro que incidiu sobre eles, depois disso, pensam eles, chegou a liberdade.

Mas o problema é que o homem não age numa lógica cartesiana, não somos simples assim. Kierkegaard falava que o homem é um complexo de natureza e o "Eu" não é de simples definição, não somos bons, maus, somos um misto de certo e errado, de bonito e feio, de carnal e divino. E assim nossas atitudes são sempre norteadas por essa dualidade, não dá para apagar as marcas indeléveis do passado como querem alguns. As marcas estão aí, firmes, dentro das pessoas, trazendo desejos, direcionando escolhas. Acho lícito tentar sublimar algumas coisas, enterrar lembranças ruins e repensar sobre o passado, mas lembrem, cuidado em culpar as pessoas. As vezes nós escolhemos essas figuras para martires e as vezes elas contribuiram tanto para sermos nós mesmos, essa contradição humana tão única. Liberdade não há. a marca está aí, dentro de você, mas perdoar pode ajudar. Quando perdoamos podemos melhorar a nós mesmos, podemos adicionar valor a nós mesmos, podemos olhar no espelho e pensar - eu fiz uma coisa boa. E isso reforça o nossa parte positiva, quando tomamos por certo fazer o bem podemos crescer. E uma coisa boa adicionada a essa confusão interna que leva a tomada de decisões, adicionando valores a nossa vida tomaremos cada vez mais boas atitudes. E nesse sentido, haverá liberdade?

Fabio

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