30 de abr. de 2009

Atípico

Já havia caído a noite quando eu vinha de um encontro com um amor meu, Cecília. Repentinamente, um senhor por volta dos 60, recém-saído de um carro, trajando terno, gravata, broche na lapela e óculos de grau abordou-me desculpando-se pela intromissão, mostrando, desta forma, hábitos de sua educação. Costumo ser solícita com transeuntes e assim procedi, já esperando que me pedisse auxílio acerca da localidade. Surpreendeu-me quando, no entanto, disse: “Estávamos te observando no carro desde quando você vinha caminhando da outra rua, e não podíamos tirar os olhos de ti. O seu andar é tão bonito, tão elegante, parece que está desfilando, um passo firme...” Porque minha reação foi um sorriso, ele quis saber se era comum elogiarem minha maneira de caminhar. Respondi que não, mas que, provavelmente, a razão do meu caminhar ser do jeito que é, é o balé. Ele gostou do fato de eu fazer balé e me perguntou o que mais eu faço da vida. Eu disse a verdade, “Eu faço Letras na Uerj”. A esta altura já indagava-me se suas reais intenções eram mesmo somente uma conversa esporádica. Logo eu, que gosto de falar com estranhos. Me contou que é desembargador. Fez Direito, Letras e Pedagogia. Perguntou mais sobre a minha dança e depois conversamos sobre poesia. “Desculpe-me a pergunta íntima, mas... de que poeta você gosta?” perguntou-me. “Um que eu gosto muito é o Ferreira Gullar, eu o acho fantástico!” respondi. “Ah, eu acho o Ferreira Gullar bom, mas ele fala muito de política.” “Então, é isso que eu gosto.” “Só que eu acho que poesia tem que ser uma coisa de dentro pra fora.” “Ah, nem me fala, isso me traz um angústia...eu fico nessa dúvida.” Disse-me que gosta de Cecília Meirelles, sobre quem aliás é sua monografia de Letras. “Eu já li alguma coisa dela em aula, e também tenho desde criança aquele livro dela ‘Ou Isto Ou Aquilo’. Ah, aliás, essa semana mesmo eu me lembro de ter lido um poema dela num texto da faculdade, mas não me recordo do nome.”Eu sabia que o tal poema tinha a palavra “canto”, contudo, não o disse. No fim de nossa conversa sobre Cecília ele me recitou a poesia. Não era justamente a que eu li na segunda-feira? Depois, ao retornarmos a Ferreira Gullar ele mencionou uma de suas poesias que foi musicada. Não era uma das poesias do Gullar que eu mais gosto, Traduzir-se?”Antes de voltarmos às nossas normalidades ainda falamos de Guimarães Rosa, Shakespeare. Encantador e muito surpreendente alguém te abordar assim na rua, nessa pós-modernidade louca na qual vivemos cada qual na sua bolha. Meu celular tocou. Acordei. Fui embora. E agora lerei Cecília.

22 de abr. de 2009

Mais do mesmo


Será que ainda é cedo para dizer que estamos presos nessa geração coca-cola.Sem fundamento , só com as vendas e compras e ficando felizes pelos novos sofás da sala e aquela casa na praia.
Eduardo e Mônica me ensinaram que o amor é algo que não temos compreensão, que só a vivência pode me mostrar. Mas outros falam que isso é tempo perdido , que amor , compreensão e todas a variações não são nada.Acho que os índios sabiam viver isso melhor que agente , não que isso os torne melhor ou piores que nós , entretanto acho que eles sabiam melhor que nós.
O Brasil, no meio dessa crise eu olho e penso : que país é esse?O qual as pessoas trabalham e trabalham e não vai pra frente. Mais fácil as pessoas acreditarem em árvores que falam do que no políticos , tudo bem estória para não confiar temos , porém será que esses motivos tem validade mesmo , será que o caboclo do nosso faroeste sabe mesmo o que diz , quando fala que político não presta ou é mais uma onda de motivação, há tempos ouvimos esse discurso.
Está dífcil realmente de se viver pais e filhos se matando todo dia , um contra o outro , em quem iremos nos apoiar , se nem a família é uma base mais.Meninos e meninas , recebendo influência o tempo todo da mídia , vivendo de cara para televisão e esse meio que transmite minha mensagem , sem sentir o vento no litoral do nosso país.
É verdade , não dá para ser uma perfeição , mas será que tem que ser assim como está mesmo.Não daria para pegar o quadro-negro um giz e começar a reescrever tudo que está errado para consertar, sabe igual os professores faziam na correção de provas quando eu tinha meus dezesseis.

Vamos ver se resolvemos isso antes das seis ?

Cezar Eduardo March

13 de abr. de 2009

Fugindo


Quero ser sincero e sério hoje estou cansado , às vezes sou o que não sou , às vezes sou o que era pra ser e não tá certo . Estou procurando o meio termo e não acho , não acho mesmo .E você já se conheceu um pouco mais hoje? Eu não me conheci em nada hoje , não sei o que tenho de mais importante, não sei o que quero , mas vamos lá estou aí pro que dê i vie, não é assim que se fala.Não se sabe bem o que é , porém não para não vai lá , tá maneiro po.Corre mesmo, porque ônibus vai entrar no trânsito e ir devagar , isso parece estranho pra você ?Pra mim parece muito estranho , você corre e corre pra entrar no ônibus cheio e esperar ele ir indo indo indo indo até chegar parado. Po , me parece muito melhor ter ido andando ou ter ficado parado ou sei lá bicicleta . Não sei , embora para mim seja estranho. Mas fugindo pra lá fugindo pra cá queria fugir mais uns anos , mas não sei de que , nem quanto , nem quando ou de quem , são os "qs" da minha vida , entretanto a fuga continua e vamos nessa .


Sei lá , acho que Cezar

4 de abr. de 2009

Sempre fico pensando se o socialismo é justo com o homem. Parece óbvio: é claro que é justo, seu objetivo é exatamente esse, promover a igualdade e, portanto, a justiça entre os homens. Por esse ponto de vista ele é justo, ou pelo menos tenta, mas estou falando em ser justo com as ambições e com as diferenças humanas. Falemos a verdade, os homens não são iguais. São diferentes e acredito que devido até mesmo a fatores biológicos e não somente sociológicos. Uns querem pouco e outros não se satisfazem com o necessário, os gostos são desiguais, as ganâncias são desiguais. Assim sendo, implantar o socialismo seria por as pessoas em camisas de forças,limitando a criatividade, aprisionando suas liberdades, e suas vontades pelo bem maior, que é o bem de todos. E sacrificar-se pelo bem de todos é justo ou injusto?
Não estou dizendo que o capitalismo é um mar de justiça social. Seria se promovesse às pessoas as mesmas chances de prosperar na vida, mas – todos nós bem sabemos – se você nasceu na favela ou no interior dos infernos suas chances de prosperar financeira e profissionalmente são reduzidas. Não culpem o capitalismo! Sua proposta nunca foi essa, até porque não houve nenhuma. O capitalismo nasceu naturalmente das ambições do homem, da vontade do artesão de produzir mais e do comerciante de executar mais trocas de mercadoria, de obter mais lucro, ou seja, nunca teve compromisso com o social e aí é que entram (entrariam) os governos, tentando reparar esse descaso.
O socialismo, ao contrário, nasceu de cérebros geniais e sua intenção é boa, extinguir as classes, dar o poder a quem, na verdade, tem o poder de produção: o operariado. O problema se deu na implantação da teoria. Aconteceu que a ideologia não se encaixou ao mundo pragmático e falhou. Sem problemas, o homem é falho. E agora? Tinham que reformular a teoria a fim de faze-la encaixar-se melhor à realidade... Quem se habilita?


Eu não entendo nada de capitalismo e socialismo, essas são só opiniões bobas de, admito, uma pequena-burguesa.


Mariana Cerino Calazans