4 de out. de 2008

Menina-mulher

Perdido em meio a seus pensamentos, sentado em uma mesa de praia, manejava com destreza seu copo de chopp. De seu espírito, surgiram novos pensamentos, uma série de definições para a sua amada, sua musa, observada com contentamento.

Era um final de tarde, desse em que o vento começa a trazer a maresia, e a praia vai ficando mais gelada e deserta. O céu mostrava um azul-alaranjado impossível de se retratar à mão livre.

Deixou rapidamente seu jornal de lado. Era ela, voltando do mar, trazendo o melhor, o melhor dos sorrisos na hora mais apropriada. E sempre fora assim, uma sintonia cúmplice. Os dois ficaram por ali olhando juntos o laranja do céu e as ondas, o horizonte cada vez mais apaziguador naquele final de tarde.

A musa, primeira e eterna, significava sensação de amor, inspiração. Tímida, pouco dissera "eu te amo". Privado de ouvir da boca o verbo mais doce na constância desejada, ele o sentia no seu cheiro, no jeitinho de pedir aprovação, atenção. Na pureza com que, depois de sair do banho, aparecia vestida com uma flor nos cabelos e pulava em seu colo para ouvir o melhor de seus contos. Ele sentia através do silêncio que o amor , ali, existia. Amor por ela, amor por ele.

Amor eterno, que naquela tarde, se guiava pelos grãos de areia. Amor ao ver aquela mulher. A sua menina, saindo do mar com o mesmo charme e jeito de sempre, trazendo junto com ela, uma conchinha e dizendo: Papai! Olha, o oceano está aqui dentro!

Júlia

Nenhum comentário: